domingo, 4 de dezembro de 2011

E aí, Dnipro?

Vamos ver até quando dura a paciência com Ramos.

Desde 1992 a hegemonia no futebol ucraniano é dividida entre Shakhtar Donetsk e Dynamo Kyiv. Os dois quase sempre permanecem no topo da tabela com "sobras" em relação aos outros. Atualmente, o Metalist está se aproximando bastante. Quer tentar o mesmo que o Tavriya, último time que conquistou uma liga ucraniana (justamente em 1992). 

Há algum tempo atrás se esperava que essa quebra de hegemonia começaria com o Dnipro, que passou a investir pesado em contratações e, além disso, já é um time historicamente grande. De meados da década de 70 até meados da de 80, o Dnipro conquistou dois títulos soviéticos (1983 e 1988) e se tornou o primeiro clube profissional da URSS.

Nomes como Oleg Protasov, Hennadiy Litovchenko, Oleksiy Cherednyk e Oleg Taran até hoje arrancam lágrimas dois mais antigos torcedores. Entretanto, desde este período o Dnipro passou a ser um verdadeiro "gigante adormecido", vendo times como Metalist e Shakhtar crescerem e conquistarem a simpatia da nação (principalmente a equipe de Donetsk).

Na temporada passada o proprietário Andiy Stetsenko decidiu que não bastava apenas trazer jogadores. Era preciso mudar a filosofia, assim como fez o Shakhtar quando contratou Mircea Lucescu. Foi exatamente por isso que trouxe o experiente treinador espanhol Juande Ramos para o banco de reservas, bancando -ponderadamente- suas contratações.

O técnico, por sua vez, se mostrou contente com o elenco trazendo apenas Matheus, Zozulya,  Derek Boateng e Nikola Kalinic para 2011-2012. Este último para substituir Yevgen Seleznyov (em russo Seleznev), artilheiro da UPL em 2010-2011, que foi para o Shakhtar. A princípio pareceram poucas contratações, mas considerando que o elenco já contava com Giuliano, Ruslan Rotan, Mandzyuk, Konoplyanka e Strinic, foram "cirúrgicas".

Quando a bola rolou, tudo pareceu mais complicado do que realmente era. Os insucessos do time caíram como uma "bomba" para a torcida e também para Ramos. Hoje a diferença do Dnipro, 5o. colocado, para o líder Shakhtar é de exatamente 18 pontos, em 19 rodadas disputadas. O que é algo bizarro, pelo elenco do Dnipro.

É fato que Juande Ramos ainda não encontrou uma formação para o time. Logicamente não pude ver todos os jogos do Dnipro na temporada, mas em todos que pude acompanhar, foram utilizados esquemas diferentes: 4-4-1-1, 4-4-2, 4-3-2-1 e, algumas vezes, até 4-3-3. Isso quando os jogadores não perdiam o controle e atacavam como loucos. Literalmente na base do abafa.

Não restam dúvidas de que quando um time não está bem, seu treinador deve mudar. Mas quando estas mudanças não são bem-sucedidas, ele precisa insistir em uma formação até que o plantel se habitue. Caso contrário, não haverá um padrão de jogo. Foi exatamente isso que aconteceu na partida Illychivets 3x2 Dnipro, onde a equipe de Dnipropetrovsk saiu perdendo por 2x0 e empatou no segundo tempo apenas por ter jogado com raça. Mas quase nenhuma técnica.

O esquema ideal

Pelas peças que tem, julgo que o esquema ideal para o Dnipro seja o 4-4-1-1, principalmente pela chegada de Matheus. Normalmente concordo com as opções para goleiros, mas depois de ter visto Kanibolotskiy na Ucrânia sub21 no último Europeu, não sei como ele é reserva do tcheco Lastuvka.

Na zaga Mandzyuk é incontestável. Titular tanto no Dnipro quanto na seleção ucraniana de Oleg Blokhin. Excelente nome. Ultimamente Juande vem utilizando Cheberyachko como seu companheiro, mas como ele é lateral, por vezes acaba se complicando. O nome do experiente volante croata Ivan Strinic me soa um pouco melhor.

Já que Cheberyachko é um lateral, Ramos poderia colocá-lo em sua posição -pela esquerda. Na direita Samuel Inkoom é o melhor, mas em casos extremos o winger Denys Kulakov pode ser recuado, atuando como lateral mais ofensivo.

Na faixa central do meio o nome do volante Ruslan Rotan é incontestável. O capitão do time passa uma enorme confiança e também é titular na Ucrânia. O problema é decidir quem pode ser seu companheiro. Nomes como Kravchenko, Boateng e Strinic são normalmente utilizados. O jogador ganês prefere atuar pela esquerda, mas como não vai tomar a posição de Konoplyanka, já foi escalado pelo centro.

Até o começo da temporada Giuliano era titular incontestável pelo lado direito do meio-campo. Mas não correspondeu. Nas últimas rodadas veio sendo trocado por Kulakov. Acharia uma medida interessante se o brasileiro passasse e jogar ao lado de Rotan, deixando o time mais criativo. Além do mais, Giuliano por vezes abdica do jogo pelas laterais e pouco chega à linha de fundo. Geralmente tende a cortar para o meio.

Do lado esquerdo está a "pérola" deste time, o jovem Yevgen Konoplyanka. Dono de uma técnica fantástica está jogando em uma "fogueira" enorme, sendo exigido demais. O jovem meia (22 anos) é dono de uma qualidade técnica sensacional e um toque de bola muito refinado, pouco comum a jogadores do leste Europeu. Por vezes tenta chamar o jogo, mas não consegue resolver sozinho.

Matheus começou como titular, foi para o banco e agora voltou a ser escalado. O ex-atacante do Braga é o nome ideal para ficar nos 3/4 do campo, fazendo a ligação com  ataque. Muito se fala de outro garoto: Roman Zozulya, ex-Dynamo Kyiv. Ele realmente é bastante promissor, mas ainda não jogou o suficiente para estar entre o XI titular.

A posição de "9" é uma das poucas que por enquanto não vem gerando dúvidas em Juande. Desde que chegou, Nikola Kalinic marcou 7 gols e desbancou as "incógnitas" Oleksiy Antonov, Denys Olyinyk e Dmytro Lyopa, que não passavam a mesma confiança que Seleznyov.

Preciso destacar que Juande Ramos já utilizou o time assim por algumas vezes. Mas ele não teve paciência de permanecer com o mesmo por 4 ou 5 rodadas, este foi o problema. Posso até estar terrivelmente enganado, mas pelo que conheço, estas seriam as melhores opções para o Dnipro hoje.

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