quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Δύναμη, ΑΠΟΕΛ

Sólida dupla de volantes comemorando a classificação.

Nesta semana o APOEL Nicosia conseguiu, merecidamente, uma vaga nas oitavas-de-final da UEFA Champions League pela primeira vez na sua história. Não há como negar que isso foi uma surpresa enorme, ainda mais em um grupo com Shakhtar Donetsk, Zenit São Petersburgo e FC Porto.

Apesar de ser um pouco desconhecido no cenário internacional, o APOEL é muito conhecido no Chipre, sendo o maior campeão do campeonato nacional com 21 títulos e participando da fundação do mesmo, na década de 1930, pouco depois de ser criado.

A cidade de Nocósia, capital do país, é uma das poucas no mundo divida ao meio. No norte localizam-se os turco-cipriotas e, ao sul, os grego-cipriotas. Essa divisão é reconhecida apenas pelo estado turco. A rigor, o Chipre já pertenceu à Turquia, à Grã-Bretanha e foi sempre influenciado pela Grécia, o que desagrada os turcos. Ainda que um pouco hostil, o "clima" na cidade é bem mais ameno atualmente.

O APOEL foi um exemplo de equipe criada pelos grego-cipriotas e, durante o domínio inglês, foi um dos apoiadores  mais ativos da  EOKA (Organização Nacional de Guerreiros do Chipre), uma organização paramilitar que agia contra o domínio bretão. Até mesmo um de seus jogadores mais importantes da época, Karaolis Michalakis, foi capturado e enforcado por ordem da coroa britânica.

Passados os tempos difíceis o APOEL foi consolidando-se cada vez mais na ilha e, aos poucos, ganhou seu espaço internacional. Chegou à fase de grupos da Champions pela primeira vez na temporada 2009-2010 após passar pelo Köbenhavn no play-off classificatório. Tudo bem que terminou na última colocação, atrás de Chelsea, Porto e Atlético de Madrid, mas já valeu demais a participação histórica.

Em 2010-2011 tudo pareceu começar da mesma forma. Após a segunda pré-eliminatória da Champions o APOEL enfrentou o campeão polonês Wisla Kraków no play-off. O favoritismo do Wisla foi confirmado no primeiro jogo, quando venceram por 1x0, jogando mal e sofrendo pressão.

No GSP Stadium, tudo foi muito diferente, exceto o fraquíssimo desempenho do Wisla. Desde que a bola rolou o APOEL, pressionou constantemente o time polonês e criou muitas chances. O mais participativo em campo -e herói do time com 2 gols- foi o brasileiro Aílton (curiosamente contratado junto ao Köbenhavn). Vencendo por 3x1 (3x2 no agregado), o time cipriota chegou mais uma vez à fase de grupos da Champions.

Entretanto, em um grupo tão complicado, seria apenas um sonho a terceira (!) posição. Para a surpresa de todos -incluindo da torcida- o time de Nocósia não perdeu uma só partida (2 vitórias e 3 empates) e se garantiu nas oitavas com uma rodada de antecipação. Mas qual será o segredo deste sucesso?

Dentro de campo o treinador sérvio Ivan Jovanovic tem um time bem definido, armado em um simétrico 4-2-3-1, que sofre pouca variação. Além de Aílton, se destacam Manduca, Trickovski e o capitão Chalarambides. Em suma, o conjunto é seu ponto forte.

Prova disso é que sua defesa até então é a melhor do grupo, sofrendo apenas 4 gols. O líder desta poderosa linha de 4 é o goleiro belga Urko Pardo, que se mostrou bastante seguro. À sua frente conta com o português Paulo Jorge (pasmem, um dos melhores zagueiros da Champions) e o brasileiro Marcelo Oliveira.

As maiores variações ocorreram nas laterais, de acordo com as partidas. Poursaitides seguramente é o titular na direita, mas por ser tão ofensivo, já foi substituído pelo bom marcador e versátil Salomou. Na esquerda ocorre o mesmo, tanto que já foram utilizados William Boaventura, Salomou e Alexandrou. Com o último sendo um zagueiro.

A equilibrada dupla de volantes, formada pelos portugueses Nuno Morais e Hélio Pinto merece muito destaque. O primeiro é mais marcador, tendo jogado até mesmo na zaga e voltando para fazê-la conforme o apoio dos laterais. Já Hélio Pinto se encarrega mais da saída de bola. Sendo um meia recuado para fazer a função de volante, tem grande capacidade para isso.

Não há como apontar posições fixas para a linha de 3 meias, apenas nomes: Ivan Trickovski, Gustavo Manduca e Constantinos Chalarambides. Durante os 90 minutos de cada partida os três trocam constantemente suas posições, confundindo demais a marcação. O capitão "Chala" tem preferência pelo centro, mas não fica lá por muito tempo. É impossível ver Manduca e Trickovski estáticos pelos lados.

Na frente há uma unanimidade: o brasileiro Aílton Almeida. Desde que foi contratado junto ao Köbenhavn em 2010, o ex-atacante do Atlético Mineiro é titular absoluto no APOEL. Pese ser o único atacante, não fica muito na área. Ele se movimenta constantemente puxando a marcação e abrindo espaços, o que dificulta para a defesa adversária.

Chegar às oitavas-de-final da Champions foi um feito quase que miraculoso para este APOEL, por isso, ninguém mais espera outras surpresas na competição. Contudo, qualquer que seja seu adversário, encontrará grandes dificuldades para enfrentar um time tão confiante e com uma torcida tão apaixonada.

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