quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A extinção do 4-4-2


Desde o fracasso na Copa de 2010, foi exigida uma grande modificação na seleção inglesa. Muitos queriam que essa mudança começasse pelo banco de reservas, com a saída de Fabio Capello, mas o italiano continuou. O próprio Capello sabia que, ficando no cargo, deveria começar a pensar em todas as mudanças necessárias, pois estaria à frente do trabalho.

A torcida, indignada com os jogadores, pedia uma renovação radical no plantel, contando com as novas promessas do futebol inglês. Nas primeiras convocações muitos garotos foram chamados mas, aos poucos, os veteranos foram voltando e o elenco se mesclou de uma forma mais equilibrada.

Entretanto, a mudança mais significativa veio no esquema tático. Depois de jogar desde a Copa de 1966 em um 4-4-2 ortodoxo, os Three Lions experimentaram tanto um 4-3-3 quanto um 4-2-3-1. Até poucos anos atrás, isso seria inimaginável dentro do país que inventou o futebol.

No ano de 1966 o genial Alf Ramsey mostrou que a Inglaterra precisava mudar de verdade para ganhar alguma coisa e, com o simples gesto de recuar mais os pontas, criou o 4-4-2 que foi chamado de "britânico" pouco depois.

Capello vê a mesma necessidade atualmente. Ele sabe que para vencer, a Inglaterra precisa mudar seu estilo de jogo de uma forma que se adapte às características dos jogadores, sem que eles precisem se adaptar a um esquema, como vinha acontecendo.

Seguindo esta filosofia, as seleções de base -os Young Lions- também estão mudando o esquema. A melhor prova disso foi o último Europeu sub-21 onde, sob o comando de Stuart Pearce, a Inglaterra esteve sempre em um 4-3-3. Tudo bem que caíram logo na primeira fase, mas Pearce foi um grande culpado disso, não sabendo aproveitar as peças que tinha e, ainda por cima, mexendo mal.

Há de se destacar que, até as crianças que estão dando seus primeiros passos no futebol já notarão diferenças dentro de pouco tempo. Para administrar as seleções sub-15 foi contratado o treinador Gareth Southgate, que tem nas canteras espanholas seu principal exemplo.

Southgate disse que antes de tudo a mentalidade precisa ser modificada. "Antes de aprenderem a marcar ou correrem feito malucos, os meninos precisam tocar a bola", disse ele. Outra coisa que o inglês fez questão de destacar é o papel dos pais, que cobram seus filhos como se fossem jogadores profissionais. "Isso é um exagero enorme", enfatizou Southgate.


A verdade é que a adoção de outro esquema realmente vem favorecendo a Inglaterra. O jogo contra a Bulgária foi um exemplo disso. Nele, Gareth Barry e Scott Parker atuaram como volantes, marcando muito bem e saindo com qualidade.

Jogando mais centralizado, na linha de 3 meias, está Ashley Young, que vive uma fase maravilhosa. Apesar de ser originalmente um left winger, ele "flutua" pelos 3/4 do gramado de uma forma impressionante. Vem sendo o melhor da Inglaterra depois da Copa do Mundo.

Já no 4-3-3, Young passa a jogar mais pela esquerda, com Rooney pela direita e um "grandalhão" no ataque -atualmente este seria Darren Bent. Entretanto, Capello já fez a opção de deixar Rooney mais centralizado e utilizar Downing, Wallcot ou James Milner pelo lado direito.

Nesta disposição tática o setor que mais impressionou foi o de meio-campo, contanto com um trio formado por Jack Wilshere, Frank Lampard e Scott Parker. Mesmo não atravessando uma grande fase, Lampard se adaptou muito bem a este esquema e não jogou absolutamente nada ao lado de Barry no 4-2-3-1.

As opções que Capello tem nas mãos são muito boas, isso ninguém pode negar. E felizmente ele percebeu que precisava fugir um pouco da tradição para melhorar. Muitos não concordam com isso e utilizam o argumento de que a seleção não está apresentando um futebol vistoso.

Em contrapartida até nomes excessivamente pragmáticos do futebol inglês, como Graham Taylor, disseram que o treinador italiano está fazendo o correto e é muito cedo para que a seleção inglesa comece a dar show. "O mais importante agora são os resultados", afirmou Taylor. Ele ainda completou dizendo que "uma melhora já foi notada e esta evolução tende a aumentar com o tempo".


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