sábado, 3 de setembro de 2011

A seleção galesa pode sim render mais


Desde que Gary Speed chegou, em dezembro do ano passado, a seleção galesa não havia vencido nenhum jogo sob seu comando. Mas contra Montenegro, nesta sexta (02), finalmente conseguiu acabar com este jejum. Além disso, os Dragons não venciam em Gales -por uma competição oficial- desde 2006.

Sempre fui fã da seleção galesa, isso não é segredo para ninguém. Com isso, às vezes sou um pouco irracional, mas sigo com o pensamento de que os Dragons podem render mais. Não consigo imaginar como uma seleção que tem Ashley Williams, Joe Ledley, Aaron Ramsey, Gareth Bale, Steve Morison e outros pode estar na 117a. colocação no ranking FIFA, atrás de Ilhas Faroe, Omã, Níger, Haiti, Coreia do Norte, etc.

Em dezembro de 2010, John Toshack não começou nada bem à frente desta seleção, não conseguindo nenhuma vitória nas eliminatórias para a EURO. Com isso, deixou o cargo que ocupava desde o ano de 2007. Para substituí-lo foram cogitados nomes como Chris Coleman, Lars Lägerback e até mesmo o ídolo Ryan Giggs. Mas quem chegou foi outro ídolo, Gary Speed, que jogou 85 vezes com a camisa galesa. O problema é que ele havia tido apenas 6 meses de experiência gerencial, comandando o Sheffield United.

Esta decisão foi aprovada pela maioria, já que Speed conhecia melhor do que ninguém estes jogadores e poderia ser uma "injeção de ânimo" no plantel. Mas como sempre existe um "corneteiro", não gostei da opção da FAW. Isso justamente pela inexperiência dele. Para mim, Chris Coleman seria o melhor nome. Além de também ter defendido a seleção quando jogador, ele era treinador desde 2003, podendo verdadeiramente ajudar Gales.

A estreia de Speed foi logo contra a Inglaterra, pelas eliminatórias da EURO 2012, em pleno Millenium Stadium. Apesar da derrota por 2x0, os Dragons mostraram um futebol até certo ponto agradável -e esperançoso- para toda a torcida. Mas a ilusão caiu por terra na Carling Nations Cup, após a péssima participação galesa.

Como era apenas o início de trabalho e ninguém acredita tanto assim no País de Gales, o trabalho de Speed não foi contestado. Logicamente sua inexperiência também foi levada em conta. Mas o fator que fez com que ele pouco fosse contestado foi seu esforço e a confiança que passou para os jogadores. Ele mesmo disse que não poderia pedir mais esforço do plantel, porque todos estavam dando seu máximo. Queria apenas mais confiança e até um pouco de arrogância.

Não há como comparar esta seleção galesa com a de 1958 -comandada por Jimmy Murphy- que contava com nomes como Dave Bowen, Terry Medwin e Ivor Allchurch. Os atuais Dragons também estão abaixo da seleção da década de 1990, que tinha os craques Ian Rush, Mark Hughes e Den Saunders e era comandada pelo genial Terry Yorath.

Tudo bem que estas gerações foram as mais incríveis da história do País de Gales, mas a atual poderia fazer com que sua torcida passasse um pouco menos de vergonha.

Como um bom britânico, Gary Speed fez a opção pelo esquema 4-4-2 na maioria dos jogos. Exceto contra a Inglaterra, quando utilizou o 4-2-3-1. O que mais intriga é que, apesar de o segundo esquema ter "encaixado" melhor, Speed seguiu com o primeiro, optando pela forma mais tradicional.

A prova de que essa insistência era para habituar os jogadores veio na vitória contra a seleção montenegrina, quando os Dragons controlaram praticamente todo o jogo e tiveram uma disciplina tática simplesmente admirável.

Pela primeira vez em alguns anos a defesa passou segurança de verdade. Vale ressaltar o goleiro Wayne Hennessey que é um ótimo jogador. Mas na partida realizada no Cardiff City Stadium, Gunter, Blake, Williams e Taylor também foram excepcionais, anulando quase que completamente Mirko Vucinic, Jovetic, Vukcevic e Djalovic.

O 4-4-2 variou muitas vezes para o 4-1-3-2, de acordo com o posicionamento do capitão Ramsey. Aliás, ele teve uma atuação épica, chamando finalmente toda a responsabilidade para si. Praticamente todas as bolas passaram por seus pés na partida. E para coroar esta atuação memorável, foi ele o autor do segundo gol galês, já na etapa final.

Joe Ledley foi o principal homem de marcação em campo e deu conta do recado. O volante do Celtic não sofreu, mesmo ficando muitas vezes sozinho para conter os contra-ataques montenegrinos. O que impressiona é que ele não deixou de apoiar e participar dos ataques, como sempre faz. Seus lançamentos foram ainda mais frequentes nesta partida.

Como wingers atuaram David Vaughan e Gareth Bale. A verdade é que os dois inverteram constantemente seu posicionamento, já que ambos são left wingers. Bale realmente não fez uma boa partida, nem mesmo atuando pelo "seu" flanco. Vaughan, no entanto, foi muito bem pela esquerda -deu até a assistência para o primeiro gol- e não deixou a desejar pela direita.

Craig Bellamy e Seteve Morison foram simplesmente perfeitos. Bellamy se sente à vontade com a camisa da seleção galesa e mais uma vez atuou bem demais, se movimentando como um garoto e deixando a marcação montenegrina perplexa. Já Morison -que tem condições de ser titular absoluto no Norwich- mostrou que é um exímio camisa "9" e marcou o primeiro gol galês.

Ainda ressalto que no banco de reservas Speed contava com o right winger e lateral Adam Matthews (Celtic), os centre midfielders Joe Allen (Swansea) e Andrew Crofts (Norwich), além dos atacantes Hal Robson-Kanu (Reading) e Robert Earnshaw (Cardiff).

Outros nomes que poderiam estar, tranquilamente, nesta seleção são Andy King (ótimo meia do Leicester), Aaron Wildig (grande promessa do Cardiff que terá espaço futuramente) e Rhys Taylor (goleiro da seleção sub-21 que pertence ao Chelsea).

Partindo da visão mais otimista possível, uma evolução -tanto de Speed quanto da seleção- pôde ser notada neste começo de trabalho, principalmente com relação à vontade dos jogadores e mesmo o estilo de jogo. A primeira vitória foi crucial para mostrar isso e quem sabe fazer com que as coisas mudem de uma vez.

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