quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Falta apenas um detalhe

Desde a chegada do sheikh Mansour Bin Zayed Al Nahyan o Manchester City não foi mais o mesmo, já que muitos nomes de peso foram trazidos para o elenco, tendo em vista não apenas competições europeias, mas também o título da Premier League.

Na época, o treinador dos Sky Blues era o contestado galês Mark Hughes, que não convencia absolutamente ninguém de que ele era o profissional certo para fazer com que o time azul de Manchester atingisse seus visionários objetivos.

Não deu outra, depois de uma série de resultados ruins e um futebol medíocre Hughes foi demitido. No entanto, para seu lugar foi trazido o italiano Roberto Mancini que havia sido tricampeão italiano com a Inter, mas também tinha a (justificada) fama de ser um treinador bastante pragmático. Ele chegou no meio da temporada 2009-2010 e terminou o campeonato na quinta colocação, conseguindo uma vaga para a Europa League.
Já na temporada passada, que foi a primeira temporada completa do italiano no comando dos Citizens, a equipe ficou na terceira colocação, conseguindo a tão almejada vaga para a Champions League. E, como se não bastasse isso, o time venceu o Stoke City na final da FA Cup, saindo de um "jejum" de títulos que já durava 35 anos.

Mas com este crescimento gradativo do time não é um pouco de exagero duvidar do trabalho de Mancini? Esta é uma pergunta que me faço constantemente, mas quando vejo algumas opções dele em determinados jogos ou mesmo a forma como arma o time, sigo com a desconfiança. A verdade é que a maioria das pessoas desconfia do trabalho do italiano, quem em muitos aspectos deixa a desejar.

Por exemplo, se em 2010-2011 o time conquistou uma FA Cup,  também foi eliminado nas oitavas-de-final da UEFA Europa League por um ainda mais pragmático Dynamo Kyiv. Com o elenco que tinha nas mãos, Mancini poderia tranquilamente reverter esta situação.

Além do mais, nos confrontos contra rivais diretos os Citizens deixavam ainda mais a desejar, apresentando um fraco desempenho em boa parte deles.

Em suma, para que o Manchester City realmente possa brigar pelo título, Roberto Mancini precisa rever alguns de seus conceitos e procurar "evoluir", extraindo o melhor dos jogadores que tem nas mãos, que são ótimos por sinal.

Por enquanto, o esquema padrão do Manchester City, adotado na temporada passada é o 4-2-3-1, que até se aplica bem ao elenco e me agrada bastante, pois faz com que o time tenha espaço suficiente para trabalhar as jogadas e corra poucos riscos em eventuais contra-golpes.

Teoricamente o setor defensivo é o mais "modesto" deste time, já que não tem nenhuma estrela. Mas, na minha opinião, foi o que mais se destacou em 2010-2011. No gol Joe Hart se mostrou muito sólido e barrou de vez Shay Given (que já foi vendido ao Aston Villa); na lateral-direita o dono da posição foi Micah Richards, mas, quando ele não pôde jogar, Zabaleta o substituiu muito bem; pelo lado esquerdo é que as coisas não foram muito boas, mas tendem a melhorar com a chegada de Clichy e  a disputa pela posição com Kolarov; o "xerifão" dos Sky Blues foi mesmo o belga Vincent Kompany, que fez a melhor temporada de sua carreira atuando na zaga; até ser pego no exame antidopping Kolo Tourè era outra parte importante neste sistema defensivo, mas acabou sendo substituído por Jonleon Lescott ou Jerome Boateng.

Os volantes eram Gareth Barry e Nigel De Jong. Uma dupla que se complementa, mas ambos precisam estar em seu auge. De Jong, apesar de ser um perigo para os adversários, é um bom marcador, mas peca na saída de bola e precisa ter alguém com quem divida o "papel" de saída. Este alguém é Gareth Barry, um jogador completo, que marca bem e tem grande qualidade no toque de bola. O único problema do inglês é que, na reta final da temporada, caiu muito de produção, tanto que na Charity Shield Mancini utilizou apenas De Jong como volante e esta foi uma de suas falhas.

Na linha de 3 meias à frente dos dois volantes é que se encontram os jogadores mais destacados dos Sky Blues. O titular no flanco direito foi David Silva, assim que se adaptou ao futebol inglês, e foi um dos principais jogadores do City na temporada, mantendo um alto nível durante boa parte do campeonato. Seu suplente é o jovem Adam Johnson, que sempre entra bem, mas é muito difícil barrar um jogador do nível de Silva.
Talvez o lado esquerdo tenha sido o mais irregular do Manchester City, com o explosivo Mario Balotelli atuando por lá. E como todos sabem, ele é um bom jogador, mas é meio maluco. Quem também atuou como left winger foi James Milner, que passou por todas as posições da faixa central desde que entrou, mas não se firmou em nenhuma delas.

O caso mais curioso é o de Yaya Tourè, contratado junto ao Barcelona. Na equipe catalã ele atuava apenas como volante, já nos Citizens ele "se descobriu" em uma nova função, a de trequartista. Sim, Mancini o colocou no centro da linha de 3 meias e o que surpreendeu a todos é que deu certo. Durante a temporada ele marcou gols importantíssimos, como o gol da vitória sobre o Manchester United na semifinal da FA Cup.

No ataque o primeiro nome que deve ser mencionado é o de Carllitos Tévez, que mesmo "infeliz" em Manchester, marcou nada menos que 21 gols na temporada. O capitão dos Citizens atuou tanto como "falso 9" quanto meia, antes de Yaya Tourè se firmar na posição. Seu principal "suplente" foi o bósnio Edin Dzeko, contratado junto ao Wolfsburg, mas ainda não rendeu na Inglaterra como havia rendido na Alemanha. Não há sequer a necessidade de falar em Roque Santa Cruz ou Adebayor, que foram emprestados.

A chegada do argentino Sergio "Kun" Agüero vai, logicamente, acrescentar ainda mais a este time. Provavelmente Mancini deverá aproveitar sua versatilidade, não o deixando apenas no ataque, mas também no meio-campo. Outro jogador que poderia ter entrado na Charity.

A prova de que o técnico italiano pode mesmo estar mudando é o esquema que ele armou no derby de Manchester, o 4-1-4-1. Só espero que a virada sofrida não "assuste" Mancini , impedindo que ele utilize a mesma formação em outros jogos.

Opções como a de James Milner pelo lado direito e Nigel De Jong como único volante são um tanto confusas (no caso de Milner, por sua péssima fase). Mas há algo que é preciso ressaltar, Yaya Tourè não teve sequer um "flash" neste jogo, o que prejudicou demais o time azul.

Elenco e potencial vimos que este time tem, agora é esperar e ver como reagirão em campo. O título ainda é pouco provável, mas esta equipe incomodará demais em campo.

Um comentário:

  1. Acredito que apesar de Y. Touré ter se saido bem como um "armador" o time do City se sairia melhor com ele jogando de primeiro volante junto ao G. Barry como segundo volante e barrando de vez o De Jong,que não passa nenhuma segurança,ele pode até marcar bem mas não sabe dar um passe á 2 metros e é insgnificante nas bolas aéreas.Balloteli na minha opinião teria de ser sacado do time,o técnico Mancini nessa hora tem que mostrar quem é que manda e colocar em seu lugar o Aguero,que pode fazer a função de ponta esquerdo tranquilamente,ou jogar pelo meio como um meia-atacante e adiantando o Barry pelo lado esquerdo para reforçar aquele setor,pois Clichy sai muito para o jogo e as vezes deixa uma avenida nas costas.Como você disse,os sheiks não tem interesse em trazer estrelas para a defesa,e isso pode ser o grande erro desa nova era do City

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