sexta-feira, 20 de maio de 2011

O fim de um ciclo vitorioso (?)


Estas duas últimas temporadas foram as mais importantes da história do SC Braga, que até então havia conquistado apenas uma Taça de Portugal, em 1965-66, e dois títulos da II Divisão B.

Muito deste sucesso da equipe do minho deve-se ao treinador Domingos Paciência que, na sua primeira temporada à frente da equipe, conseguiu uma inédita classificação para a Champions League, terminando o campeonato na segunda colocação, 3 pontos à frente do Porto. Além disso, a defesa que começava pelo goleiro Eduardo e terminava com excelentes centrais, como Paulão, Evaldo e Miguel Garcia, foi a melhor da competição, tomando apenas 20 gols, assim como o campeão Benfica.

O ex-atacante do Porto assumiu o time depois da saída de Jorge Jesus, que foi para o próprio Benfica. Assim que chegou, Domingos Paciência foi visto com certa desconfiança por parte de alguns torcedores que queriam um nome mais experiente para sua equipe. Contudo, assim que ele começou a trabalhar, logo se viu que era um excelente profissional e que faria uma boa temporada.

Mas é preciso dizer que, mesmo os que confiavam nele, mal podiam imaginar uma classificação para a Champions League, ainda mais passando à frente dos grandes Porto e Sporting.

Nesta temporada, já atuando pela Champions, o time acabou passando pelo Sevilla no play-off, vencendo em casa por 1x0 e fora por 4x3. Nos dois confrontos Matheus, um dos principais jogadores do time, acabou marcando.

Pela fase de grupos, o time também surpreendeu. Primeiro negativamente, ao ser goleado por 6x0 pelo Arsenal; depois positivamente, ao vencer o clube inglês em casa por 2x0, com mais dois gols de Matheus.

O que fez os portugueses ficarem fora das oitavas-de-final da Champions foram as duas derrotas para o Shakhtar Donetsk. Em compensação, o time ficou na terceira colocação do grupo H, podendo disputar a Europa League.

Um golpe para os arsenalistas foi, sem dúvida, a saída do brasileiro Matheus para o ucraniano Dnipro. Mas, ainda assim, Domingos Paciência seguiu mostrando que o coletivo era o ponto forte deste time.

A partir das quartas-de-final da Europa League é o que a equipe portuguesa passou mesmo a ser vista com "bons olhos" em toda a Europa. Isso porque, em dois jogos o time conseguiu passar por nada mais nada menos que o Liverpool, vencendo o primeiro jogo por 1x0 (com gol de pênalti marcado por Alan) e empatando o segundo, em Anfield.

Nas quartas-de-final, foi a vez do ucraniano Dynamo Kyiv ser surpreendido. No primeiro jogo, na Ucrânia, o time de Yuri Semin foi com tudo para cima e até saiu na frente com Yarmolenko, mas pouco depois, em um contra-ataque do Braga, Gusev acabou mandando contra o próprio gol e empatando o jogo. E neste confronto, Shevchenko entrou no segundo tempo e, com menos de 20 minutos tomou dois amarelos e conseguiu a primeira expulsão de sua carreira. Na volta, o Dynamo foi completamente anulado pela boa marcação do Braga e o placar não saiu do zero.

Na semi-final, o time de Domingos Paciência enfrentou outro rival português, o Benfica. A maior peculiaridade deste jogo foi que, os arsenalistas entraram em campo em um 4-4-2, como há muito não faziam, tendo Meyong e Lima na frente. Os encarnados só não conseguiram marcar ainda no primeiro tempo porque estavam jogando mal demais.

Já no segundo tempo, após cobrança de escanteio, o zagueiro Jardel acabou aproveitando a sobra e fazendo 1x0 para os Benfiquistas. Apenas 3 minutos depois, Vandinho cabeceou o empatou o jogo. Mas a vitória realmente ficou com o time da capital portuguesa, depois de um golaço de falta marcado por Cardozo. Para o jogo de volta no Estádio Municipal de Braga, o time de Paciência voltou a atuar em seu tradicional 4-3-2-1 (Árvore de Natal) e venceu o Benfica por 1x0. O gol da vitória foi marcado por Custódio, ainda no primeiro tempo.

A tão sonhada final disputada no AVIVA Stadium ante o FC Porto foi o ápice deste clube e da carreira de todos que o compunham, gerando grandes esperanças de título.

Mas, de outro lado, estava o "todo poderoso" Porto de André Villas-Boas, que tinha terminado a temporada como campeão invicto e que buscaria como nunca este título.

Enquanto os Dragões foram a campo em seu 4-3-3, o Braga foi no "Árvore de Natal" e, com isso, conseguiu anular praticamente todas as jogadas portistas. Vale destacar os três volantes -Hugo Viana, Custódio e Vandinho- que foram perfeitos.

Mas o Porto também sabia marcar a principal "arma" deste time, os contra-ataques. Estes geralmente acontecem pelos lados com Paulo César e Alan. Na única falha defensiva do Braga no primeiro tempo, mais precisamente do lateral-esquerdo Sílvio, Guarín roubou a bola e tocou para Falcao García marcar o gol do título dos Dragões.

Os arsenalistas até tentaram buscar ao menos o empate no segundo tempo, passando a jogar em um 4-2-3-1 (outro esquema que este time se adapta bem) tendo Marcio Mossoró como "trequartista". Mas isso não bastou para alcançarem o "imbatível" Porto.

Mesmo perdendo este título, o discurso de Domingos Paciência de que os jogadores eram vitoriosos por chegaram tão longe assim é bastante válido. Isso porque, cá entre nós, o time não é um primor tecnicamente, mas agrada (demais) por toda a sua disciplina tática.

Para a próxima temporada muitas coisas irão mudar a começar pelo elenco. O goleiro Artur, o lateral Sílvio e o capitão Vandinho já confirmaram que não permanecerão no clube.

Entretanto, o que mais preocupa a torcida é a saída de Domingos Paciência, que já afirmou que não renovará com os arsenalistas para a próxima temporada. Segundo a imprensa portuguesa, seu destino mais provável é o Sporting de Lisboa.

Seu substituto deverá ser outra "aposta" no mundo gerencial. Leonardo Jardim, de 36 anos, apesar de ser treinador há oito anos, ficou apenas sete meses na Liga Zon Sagres, no comando do Beira-Mar. Deve ser muito difícil não só para a torcida como também para os próprios jogadores ter uma mudança tão grande assim após um período simplesmente fantástico.

Confesso que temo pelo futuro próximo do Braga com tantas mudanças assim, mas espero que estas glórias sigam, já que o time terminou esta temporada na terceira colocação e deve ir para o play-off de classificação para a Europa League (já que o Vitória de Guimarães não deve vencer o Porto na final da Taça de Portugal).

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