domingo, 27 de março de 2011

O "outro" lado do amistoso...

Li várias análises acerca do amistoso disputado entre Escócia x Brasil e todas enfocaram a seleção canarinha, até aí tudo normal, mas o que me incomodou demais foi ler e ouvir dezenas de comentários impertinentes sobre a seleção escocesa.
Que fique claro, não quero que todas as pessoas concordem comigo, muito pelo contrário. Mas o que não aceito, são frases como "A Escócia é uma baba", "Hutton é o jogador mais famoso da seleção escocesa", "A Escócia é o 'Prudente' das seleções" e uma que me deixou indignado, "nós (brasileiros) não podemos perder para uma seleção com torcedores que usam saias". Aqui no Brasil, (infelizmente) há o péssimo costume de se dar palpites sobre tudo, mesmo não acompanhando, isso é o que mais me decepciona. Mas não estou generalizando, logicamente há muitas pessoas que acompanham diversos campeonatos e têm parâmetro suficiente para fazer boas análises.
Já falando do jogo em si, a escalação de Craig Levein não me agradou muito. Tudo bem que a Escócia tinha desfalques importantes (Fletcher, Barnsley e Naismith), mas ele poderia utilizar melhor as peças que dispunha.
O "Tartan Army" entrou em campo no já tradicional 4-2-3-1, tendo McArthur e Charlie Adam como volantes, Whittaker e Scott Brown pelos lados e James Morison mais centralizado, contando apenas com Kenny Miller como "9".
Uma das coisas que discordei nesta escalação, foi a entrada de Whittaker pelo lado esquerdo na vaga de Kris Commons. Tudo bem que o jogador do Rangers marcou muito bem Daniel Alves durante os 90 minutos, mas a seleção escocesa não tinha saída de bola pela esquerda.
Outra coisa que vale destacar é que, hoje ficou provado como Darren Fletcher é fundamental na seleção britânica, isso porque ele faz o papel de marcação, enquanto Charlie Adam apoia mais o ataque. No jogo de hoje, McArthur e Adam se revezaram tanto na marcação quanto no apoio ao ataque e o jogador do Wigan, esteve completamente perdido em campo.
Isso ficou mais evidente no primeiro gol de Neymar, que deixou o lado esquerdo, encontrou um "buraco" à frente da defesa escocesa e sem marcação alguma, recebeu para marcar o gol brasileiro.
Outro fator em que os comandados de Craig Levein pecaram foi a saída de bola: a Escócia só tinha saída no meio com Adam e Morrison (que voltava demais) e pelo lado direito, com Scott Brown e isso facilitou a marcação brasileira, destaque para Lucas, que praticamente anulou o meia do WBA.
Disse que Morrison voltava demais porque Adam e McArthur, no revezamento já citado, se perderam no jogo e isso prejudicou demais a criação de jogadas da seleção azul.
Para o segundo tempo, ambos insistiram com os mesmos jogadores e a tônica do jogo foi a mesma, com domínio do Brasil e sem que Júlio César trabalhasse uma única vez.
Pouco depois, Craig Levein percebeu que sua seleção não iria mudar e (finalmente) tirou McArthur para colocar o garoto Barry Bannan, que entrou muito bem na partida e deu a liberdade que Charlie Adam precisava para criar.
Mas como o "Tartan Army" ainda não conseguia chegar com qualidade e seguia tomando uma pressão, ele acabou fazendo com que Kris Commons entrasse na vaga de Whittaker o que, para a minha surpresa, não ajudou muito. Se bem que, alguns minutos depois, Adam fez o pênalti que Neymar converteu e deu a vitória para o Brasil.
Depois disso a Escócia até que tentou, mas não conseguiu fazer muita coisa.
Só para concluir, é óbvio que a seleção brasileira é melhor do que a Escócia e vencendo o jogo, só confirmou o seu favoritismo. Contudo, a seleção escocesa não é tão ruim quanto pensam, muito pelo contrário, tem bons nomes e quem acompanha futebol britânico sabe do que estou falando.
Outra coisa que ouvi ao final da partida foi "a Escócia precisa de renovação", nisso pensei "como é?", não vejo motivo algum para que esta seleção faça uma renovação radical, ela apenas vai aos poucos, adicionando os bons jovens com os jogadores já consagrados, como qualquer seleção.

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