sábado, 12 de janeiro de 2013

29 em 21

Sergey Doronchenko.

Nos últimos 21 anos, 29 treinadores passaram pelo banco de reservas do Kuban Krasnodar. Analisando estes números é um verdadeiro milagre que o clube esteja na quarta colocação da Russian Premier League fazendo, pela segunda vez consecutiva, uma brilhante temporada e deixando para trás grandes como Spartak Moscow, Rubin Kazan, Lokomotiv e Dynamo Moscow.

Parece que o time de Krasnodar não aprendeu a lição. A vítima desta vez foi Yuri Krasnozhan, que comandou os Kazaki por 4 meses e disputou 15 jogos. Basicamente a notícia da demissão caiu como uma verdadeira bomba no cenário do futebol russo. Seu trabalho vinha sendo fantástico e a adaptação ao elenco bem mais rápida do que qualquer um poderia esperar. Aliás, com os reforços ele conseguiu montar uma equipe muito distinta da de Petrescu (mais empolgante se preferirem), mantendo os bons resultados e altas colocações na tabela.

Mas se tudo estava indo tão bem, por que ele foi demitido? Esta é a pergunta que absolutamente todos os torcedores do Kuban Krasnodar estão se fazendo. Na verdade, eles ainda estavam tentando digerir a saída de Dan Petrescu. Agora tudo faz sentindo: ambos deixaram o comando técnico do clube por divergências com a diretoria, mais especificamente com um dos diretores, o senhor Sergey Doronchenko.

Para quem não está entendendo, iremos por partes. Vamos começar com Dan Petrescu. O romeno passou dois frutuosos anos no Kuban, tirando o time da FNL (segunda divisão russa) e colocando-o na espetacular oitava colocação da RPL. Tudo ia muito bem. A equipe perdeu jogadores importantes como Sergey Davydov e Lacina Traoré mas contratou prontamente peças de reposição. De repente, em agosto do ano passado Petrescu anunciou que estava abandonando o comando técnico. Em suas declarações não houve quaisquer polêmicas, no entanto sabemos que Doronchenko e ele estavam travando um embate com respeito a política de contratações. 

Mesmo com toda a comoção e o apoio ao romeno não teve jeito e ele seguiu sua carreira no Dynamo Moscow. Pouco (bem pouco) tempo depois seu sucessor foi anunciado, o russo Yuri Krasnozhan. A sucessão aconteceu tão prontamente que dá para ter certeza de que o ex-treinador do Lokomotiv Moscow era uma unanimidade no conselho dos Kazaki. O início de trabalho foi um tanto conturbado, como era de se esperar. Krasnozhan ainda estava tentando introduzir sua filosofia no clube e os jogadores encontraram certas dificuldades no período de transição.

Um fato que ajudou o técnico russo foi a chegada de mais reforços, assim ele pôde mudar o esquema e as características de jogo do Kuban com mais facilidade. Em pouco tempo a equipe passou de retrancada e perita em contra-ataques a ofensiva e que sabia jogar com a posse de bola. Mas não culpem Petrescu pela retranca. A verdade é que ele tinha menos opções que Krasnozhan, portanto não houve alternativa a não ser fechar o time. O romeno não chegou a trabalhar com Baldé, Popov e Özbiliz. Na sua época o jogador mais ofensivo do meio-campo era Kulik, que hoje forma um interessante doble pivot com Fidler.

Voltando à diretoria, o episódio da demissão de Krasnozhan foi muito semelhante ao de Petrescu. Repentinamente houve a notícia de que ele havia se desentendido com um dos diretores e que deixaria o clube. Inicialmente acreditou-se que este diretor era Suren Mkrtchyan, braço direito do empresário Oleg Mkrtchyan, maior investidor dos Kazaki. Contudo, a posteriori descobriu-se que a rixa era com Doronchenko mais uma vez. E o resultado foi que o presidente -e governador de Krasnodar- Aleksandr Tkachenko mandou o técnico embora.

Segundo Andrey Kolesnikov, jornalista do SportBox, há uma disputa interna entre Doronchenko e Suren Mkrtchyan que há muito tempo vem prejudicando o clube. No caso de Krasnozhan, por exemplo, Mkrtchyan ficou ao lado do treinador, mas pelo visto não adiantou nada.

O que mais irrita nisso tudo é que graças a esta bizarra picuinha nenhum treinador consegue ter paz para trabalhar no Kuban Krasnodar. De 2004 a 2009 treze (!) nomes passaram pelo clube, sendo quatro apenas em 2008. Um deles, Aleksandr Tarkhanov, esteve no banco de reservas durante dois jogos. Sabemos que na Rússia a impaciência com técnicos infelizmente é comum, mas o Kuban já ultrapassou todos os limites.

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