quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A força da Nzalang Nacional

Gilson Paulo acabou de chegar a já fez história.

Mesmo sendo uma das sedes da CAN 2012, poucos esperavam uma classificação de Guiné Equatorial. Mas, depois do vexame de Senegal, ficou provado que tudo é possível nesta Copa Africana de Nações. Podem falar que os incentivos financeiros prometidos pelo presidente deram certo, ou mesmo a torcida os empurrou como pôde. Mas o fato é que os Nzalang Nacional passaram de fase por seus próprios méritos.

E pensar que pouco mais de uma semana antes da competição nem treinador eles tinham. Depois da surpreendente demissão do francês Henri Michel a federação demorou demais até buscar um substituto. O brasileiro Gilson Paulo foi anunciado oficialmente no dia 5 de janeiro, e teve apenas dois amistosos para "conhecer" o time. Isso tudo às vésperas de uma competição como a CAN, soou como algo trágico.

Mas para a feliz surpresa de todos -incluindo de jogadores como o capitão Juvenal Edjogo Owono- a primeira fase da Copa Africana não poderia ter sido melhor. A Nzalang Nacional chegou às quartas vencendo dois de seus primeiros três jogos e mostrando uma organização muito grande (mesmo com alguns comentaristas dizendo que é uma seleção bagunçada).

Tentando manter as coisas em ordem, Gilson Paulo seguiu com o 4-2-3-1 (4-1-4-1). Mesmo contestado por alguns, o brasileiro naturalizado Danilo seguiu no gol. Não é um grande guarda-metas, mas já defende a seleção há um bom tempo e passa muita confiança. No entanto, os nomes de maior destaque no sistema defensivo são os centrais Laurence Doé e Fernando Gomez, que se mostraram muito sólidos durante toda a primeira fase e parecem titulares de forma incontestável.

Pelas laterais também não existem grandes discussões. Kamisogo domina completamente o flanco esquerdo. É quase um zagueiro, já que não apoia bastante e tem grande potencial defensivo. Do outro lado está David Aguire -o "Kily"- considerado o melhor lateral da competição até o momento. Este não só apoia com qualidade como também chuta com perfeição de fora da área. Vimos isso na partida contra o Senegal, quando marcou o gol que deu a vitória à Nzalang Nacional.

Como em qualquer 4-2-3-1, na Guiné Equatorial um dos volantes fica mais na marcação. Este é Ben-Esono Kaboré, mais um dos "desconhecidos". Contudo, manteve um altíssimo nível em quase todos os jogos, sendo um verdadeiro "cão-de-guarda" para "La Roja de África". Seu companheiro é um dos jogadores mais famosos de Guiné Equatorial, o capitão Juvenal Edjogo Owono. Volante com extrema qualidade no passe que defende o Sabadell.

Na linha de 3 meias se encontra o maior talento desta seleção. Pela direita joga Iban Iyanga -o Randy- que por vezes volta para auxiliar na marcação e é muito útil taticamente. Mais centralizado está o camisa "10" Ivan Bolado, jogador de cadência e qualidade técnica. Para fechar o trio,  quem atua pelo lado esquerdo é o verdadeiro craque da Nzalang Nacional: Javier Balboa. O jogador que teve uma passagem pelo Real Madrid quando era mais jovem consegue aliar velocidade e muita habilidade. Mostrou isso marcando o golaço da vitória sobre a Líbia logo na estreia.

Por fim, o único atacante da Guiné Equatorial é Thierry Fidjeu. Como não poderia ser diferente, jogador forte fisicamente que atua mais preso na área puxando a marcação. Não é um gênio quando precisa voltar para o meio-campo e buscar a bola, mas ainda assim é um atacante confiável.

Já que perdeu sua última partida para a Zâmbia, Guiné Equatorial irá enfrentar a Costa do Marfim nas quartas-de-final. Mesmo ficando com a segunda colocação do grupo, este foi um feito histórico para Guiné Equatorial. Isso porque esta é sua primeira participação na CAN em toda a história e, sem dúvida alguma, "começou com o pé direto".

Zâmbia, a primeira colocada do grupo

Dizer que a Zâmbia chegou às quartas não é bem uma "zebra", porque esta seleção era, em tese, inferior apenas a Senegal. Contudo, depois da queda dos "Leões de Teranga" acabou dando a lógica (?) e os comandados de Hervé Renard ficaram com a primeira colocação do grupo. Esta posição foi decretada na já mencionada vitória por 1x0 sobre Guiné Equatorial com gol do capitão Christopher Katongo.

Em termos de organização e nível técnico, não restam dúvidas de que a Zâmbia tem muitos méritos. Renard procura não inventar muito e não passa de um 4-4-2 ortodoxo, depositando sua confiança nos experientes defensores (sobretudo Musonga, de 34 anos). No entanto, quem se destaca são os jogadores mais ofensivos, tornando este setor o mais forte da Zâmbia. Christopher Katongo já dispensa apresentações; seu companheiro é o jovem Emmanuel Mayuka, do Young Boys, jogador muito veloz e hábil, sem dúvidas um dos melhores da CAN até o momento.

Enquanto Guiné Equatorial vai enfrentar a toda poderosa Costa do Marfim, Zâmbia precisará passar pelo surpreendente Sudão. Este último conseguiu sua vaga vencendo Burkina Faso na última partida e contando com a derrota de Angola frente à seleção marfinense.

3 comentários:

  1. Muito boa a análise Gilmar! acrescento Aubameyang, como principal jogador da competição até aqui, seguido de perto por Msakni, tunisiano muito bom de bola. Um pouco decepcionado pelo mal futebol apresentado por Darragi, esperava e ainda espero muito mais do verdadeiro craque dessa seleção.
    Abraços

    Lucas Menezes

    www.madeinlucas.blogspot.com

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  2. Acrescentando: Confesso que fiquei muito impressionado pelo futebol do Randy e do Juvenal, os desconhecia completamente!

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  3. Muito obrigado, Lucas!!!

    Concordo plenamente com todos os nomes que disse. Tanto Msakni quanto Aubameyang vêm muito bem. Contudo, o primeiro ainda oscila entre as partidas e, consequentemente, faz cair o rendimento da seleção tunisiana.

    Pude acompanhar o Darragi na Champions Africana e ele realmente é um excelente jogador. O problema é que só joga quando quer, tanto que na primeira partida contra o Wydad Casablanca acabou ficando no banco.

    Randy é um jogador muito interessante e, da linha de 3 meias, é o que tem maior potencial de marcação. Juvenal é realmente um jogador muito inteligente e com qualidade no passe. Pretendo segui-lo mais de perto no Sabadell.

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