quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Senegal, a primeira grande decepção da CAN 2012

Amara Traoré.

Mal começou a fase de grupos da CAN 2012 e já temos uma grande decepção: Senegal. Tida como uma das favoritas para o título da competição, a seleção comandada por Amara Traoré surpreendentemente perdeu seus dois primeiros jogos e voltará para a casa mais cedo.

Muitos criticaram esta edição da CAN antes mesmo de seu início, já que ficaram de fora seleções como Egito (maior vencedor com 7 títulos), Nigéria, África do Sul e Camarões. Logicamente se equivocaram. Mas em algo foram corretos: colocar certo favoritismo para Gana, Costa do Marfim e Senegal. Estas três, em termos de nome, eram sem dúvidas as mais fortes da competição.

Por enquanto, Gana e Costa do Marfim venceram suas partidas (ambas jogaram apenas uma vez). Tudo bem que não apresentaram aquele futebol maravilhoso contra Botswana e Sudão, respectivamente, mas ao menos conseguiram ganhar. Senegal, por outro lado, estreou perdendo por 2x1 para Zâmbia e selou sua eliminação tomando 2x1 da surpreendente Guiné Equatorial.

É difícil encontrar motivos consistentes para esta eliminação mais do que precoce dos Leões de Teranga. Mas um fato concreto é que o treinador, Amara Traoré, deixou evidente toda a sua inexperiência nestes dois jogos. Primeiramente a escolha dele em si já foi uma decisão inesperada. Ele havia trabalhado durante apenas dois anos no A.S.C Linguére de St. Louis, time da segunda divisão senegalesa. Tudo bem que conseguiu o acesso à primeira divisão e uma Copa de Senengal, mas este currículo não o tornava qualificado o suficiente para gerir uma seleção do "calibre" dos Leões de Teranga.

E foi justamente sob estes olhares de desconfiança que Traoré guiou Senegal para a fase de grupos da CAN 2012. E não foi uma campanha qualquer. Em um grupo com RD Congo, Camarões e Ilhas Maurício, os senegaleses deram show terminando na primeira colocação e de forma invicta. Como se não bastasse isso, sofreram apenas dois gols (e ambos na partida de estreia contra a seleção congolesa).

Com respeito à parte tática, nada de muito complicado (até porque Traoré não é um especialista no assunto). Basicamente Senegal foi armado em um 4-3-3, tendo Papiss Demba Cissé, Mamadou Niang e Moussa Sow na frente. A defesa, que se mostrou bastante sólida, era comandada pelo experiente Kader Mangane. No meio-campo quem se destacou foi Mohamed Diamé.

Depois de tal campanha e de uma aparente organização, Senegal chegou como seleção a ser batida em um grupo com Líbia, Guiné Equatorial e Zâmbia. Contudo, logo no primeiro duelo Traoré se mostrou inseguro e já mexeu no time, colocando M'Benque na lateral-esquerda, Rémi Gomis no meio-campo e Demba Ba na frente. A princípio parecem simples "trocas", mas com isso ele alterou demais o time, que teve seu meio-campo "engolido" por Kalaba, Chansa e companhia.

Logicamente a culpa não foi apenas de Amara. Os jogadores -principalmente do meio para trás- não renderam como era esperado. Ainda no duelo contra a Zâmbia, quando Senegal passou para um 4-2-3-1, Diamé e N'Daw, os volantes, mal tocaram na bola e ainda tiveram problemas com a marcação. Deme N'Doye, que inexplicavelmente começou no banco mas entrou em campo com 26 minutos, se converteu no principal homem de Senegal. Não foi a toa que ele marcou para os Leões de Teranga depois de todo aquele "abafa".

Graças à esta aparente melhora em dado momento do jogo contra a Zâmbia, Senegal começou a partida contra a Guiné Equatorial já em um 4-2-3-1. No entanto, a linha de 3 meias era formada por Issiar Dia-Demba Ba-N'Doye. O primeiro deles, jogador do Fenerbahçe, foi bastante utilizado nas eliminatórias. No entanto, costumeiramente entrava na vaga de Moussa Sow, pelo flanco esquerdo. Outra decisão um tanto contestável foi a "segunda chance" dada a Demba Ba. Ninguém pode duvidar da qualidade dele, mas o fato é que o atacante do Newcastle ainda não jogou metade do que pode pelos Leões de Teranga. O já mencionado Sow, jogador-chave de Senegal, ficou no banco.

Se Senegal jogou melhor no primeiro tempo foi porque se baseou nas jogadas em velocidade pelos lados e também porque o gramado em péssimo estado prejudicou o toque de bola refinado da Nzalang Nacional. Em outras condições, fatalmente a partida seria diferente. Mas nem com tudo isso a seu favor os Leoes de Teranga conseguiram abrir vantagem. E chances não faltaram. O goleiro Danilo precisou fazer ao menos 4 defesas difíceis nos primeiros 45 minutos.

Chegava a irritar a dificuldade de transição defesa-ataque sendo "mascarada" pelas frequentes participações de Issiar Dia e Deme N'Doye. Enquanto isso, Guiné Equatorial se segurava como podia e, assim que teve uma oportunidade, marcou seu gol. Vendo a situação crítica, Traoré colocou Sow em campo. Logo ele marcou, mas nos acréscimos David Aguire colocou a Nzalang Nacional outra vez na frente.

Eliminação simplesmente ridícula de uma apática, incompetente e inconsistente seleção senegalesa. É inaceitável que, mesmo tendo o melhor ataque do continente em termos de nome, os Leões de Teranga tenham saído de forma tão bizarra da máxima competição continental. Esta é a prova de que alguma decisões, por mais insignificantes que pareçam, podem gerar enormes e trágicas consequências.

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