terça-feira, 11 de outubro de 2011

Não foi um fracasso!

Decepção armena.

A seleção armênia enfrentou a República da Irlanda no AVIVA Stadium e precisava de uma vitória para assegurar uma vaga nos play-offs classificatórios para a Euro 2012, mas acabou perdendo e a vaga foi mesmo para os irlandeses.

Não restam dúvidas de que este foi o jogo mais importante da história desta seleção até hoje e, apesar do forte sentimento de derrota, os armenos devem sair de cabeça erguida por terem chegado onde chegaram e  além de tudo jogando um futebol vistoso e com qualidade, para a surpresa de todos.

É comum haverem surpresas em competições como esta, mas em um grupo com Rússia, Irlanda do Norte, Macedônia, Eslováquia, Armênia e Andorra, ninguém esperava que a seleção armena fosse brigar forte por uma vaga na repescagem como aconteceu. Deixaram até mesmo a interessante Eslováquia de fora.

Como disse Axel Torres, "foi-se o tempo em que a Armênia dependia unicamente dos gêmeos Karamyan e mais 9 companheiros voluntariosos". Hoje esta seleção tem um conjunto forte (!) e preparado, que demonstrou isso em campo e celebrou cada vitória como a máxima de sua história, lutando durante 90 minutos em todas as partidas.

Pode se dizer que esta "revolução" na seleção armênia começou com a chegada do treinador escocês Ian Porterfield, em 2006. O ex-técnico do Aberdeen (assumiu depois da saída de Sir Alex Ferguson) estava decidido a mudar o conceito de futebol naquele país. Não obtivemos uma resposta imediata de seu trabalho, já que ele saiu um ano depois e acabou falecendo, vítima de um câncer.

Vardan Minasyan
Mas a resposta que todos queriam veio de Vardan Minasyan, que tendo apenas 33 anos assumiu a Armênia depois da renúncia de Porterfield e continuou da melhor forma possível o trabalho do escocês. Ele jamais havia treinado fora do país e, talvez este fator tenha feito com que soubesse utilizar ainda melhor as "pérolas" ali presentes. Isso fica evidente quando analisamos os jogadores do plantel: a maioria deles pertence ou pertenceu ao Pyunik, que por 11 vezes consecutivas sagrou-se campeão nacional. Os que não defendem mais a equipe, estão em outras ligas europeias.

Minasyan, hoje com 37 anos, não nega sua inspiração no estilo de jogo de Wenger e Guardiola, mas sabe que não pode fazer a mesma coisa. Mesmo assim seu trabalho merece ser valorizado e exaltado. Isso porque quando chegou, ninguém conhecia a Armênia (muito menos ele). Hoje, esta seleção esteve próxima de apanhar uma vaga na Eurocopa e, com o passar dos anos, tende a evoluir mais.

Como já foi mencionado, a Armênia não tem apenas um destaque, mas sim, um conjunto que faz a diferença. De qualquer forma, não podemos deixar de mencionar alguns nomes. O mais conhecido deles é o do voluntarioso meia Henrik Mkhitaryan, que defende o Shakhtar Donetsk. Ele mostrou o que é determinação e amor correndo feito louco durante 90 minutos na derrota para a República da Irlanda e se entregou às lágrimas depois do resultado adverso.

Yura Movsisyan é o melhor jogador tecnicamente da seleção: atacante alto, rápido e muito versátil pode jogar até no meio-campo se precisar. Já deu muitas provas de sua qualidade tanto na Armênia quanto defendendo o FC Krasnodar.

Uma lenda viva do futebol armênio.
O esquema utilizado por Minasyan é o 4-2-3-1, tendo apenas Movsisyan no ataque, como um "falso 9". Entretanto, há um outro atacante na Armênia, que joga mais centralizado na linha de 3 meias: Marcos Pizzelli. O brasileiro naturalizado foi artilheiro do último campeonato pelo Pyunik e agora defende o Metalurh Donetsk. Jogador bastante habilidoso, que caiu nas graças do torcedor.

Outros jogadores que precisam ser mencionados são os bons volantes Karlen Mkrtchyan e Artur Edigaryan, além da pérola Gevorg Ghazaryan, que fez o mesmo caminho de Pizzelli, deixando o Pyunik e partindo para o Metalurh.

Mas a verdadeira "bandeira" armênia é o lateral-direito e capitão Sargis Hovsepyan. O também capitão do Pyunik é mais velho que o treinador, tendo 38 anos, e se dedica como se fosse um garoto. Mesmo jogando na lateral, ele apoia ao ataque e volta para marcar com a mesma velocidade. Sem dúvida jamais será esquecido.

Por todos estes fatores é que a Armênia não pode se deixar abater por não ter se garantido nos play-offs. Com esta qualidade e com uma evolução tão rápida, não vai ser surpresa nenhuma se estiverem na fase de grupos da próxima Euro, caso não peguem um grupo tão complicado.

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