domingo, 19 de junho de 2011

Impressões iniciais desta Euro sub-21


Não contando com seleções como Itália, Holanda, França e a atual campeã Alemanha as grandes favoritas para vencer esta Eurocopa sub-21 eram Espanha e Inglaterra. "La Rojita" acabou passando de fase no grupo B, mas os "Young Lions" ficaram no meio do caminho, no mesmo grupo.

No grupo A tivemos a seleção da Suíça vencendo os três jogos e deixando todos boquiabertos mais uma vez. A segunda colocada foi a Bielorrússia, que venceu a Itália nas eliminatórias.

A melhor seleção

Em termos de nome a Suíça pode não ter a melhor seleção, mas conseguiu vencer Dinamarca, Bielorrússia e Islândia em seu grupo e não sofreu sequer um gol nestes jogos.

A seleção comandada por Pierluigi Tami sempre entrou em campo em um 4-1-4-1 tendo, além de uma (esperada) forte marcação, muita qualidade no meio-campo.

O destaque sem dúvida foi o meia do Basel Xherdan Shaqiri que, além de conquistar o campeonato belga, estreou pela seleção principal alguns dias antes contra a Inglaterra, em Wembley, e foi muito bem.

Logo no primeiro jogo, ante a anfitriã Dinamarca, ele chamou a responsabilidade e fez o gol da vitória suíça.

Não só ele como toda a linha de 4 meias mais ofensivos da Suíça chamam a atenção. São eles Granit Xhaka,  Fabian Frei, Innocent Emeghara, que mostraram enorme contundência ao londo da competição e fizeram com que sua seleção se tornasse favorita ao menos para chegar à final.

Seria impossível não falar do sistema defensivo desta seleção capitaneado por Yann Sommer, também do Basel. Também há de se chamar a atenção para Jonathan Rossini e Timm Klose, sólida dupla de zaga.

Quem fez muito bem a cabeça da área foi Fabian Lustenberger, dando equilíbrio entre a linha defensiva e o meio-campo.

Na frente houveram algumas trocas entre Mehmedi e Gavranovic. Mas o primeiro acabou se firmando como titular, ainda mais depois que marcou dois gols na vitória por 3x0 sobre a Bielorrússia.

As boas surpresas

A classificação de Bielorrússia e República Tcheca deixando Dinamarca e Inglaterra pelo caminho foram mais do que merecidas pelo futebol que cada uma apresentou, mas, não há dúvidas de que estas seleções podem ser consideradas "zebras".

Começando pelo grupo A, a Bielorrússia estreou vencendo a Islândia, mas perdeu seus outros dois jogos. Ainda assim conseguiu a classificação.

Esta seleção comandada por Georgi Kondratyev é basicamente composta por jogadores que atuam no país, exceto o capitão Mikhail Sivakov, que pertence ao Cagliari. E para complicar ainda mais as coisas seu craque, Vladimir Yurchenko (que marcou 2 vezes contra a Itália) se lesionou antes do início do torneio. Para seu lugar foi chamado Aleksandr Perepechko, que até deixou uma boa impressão no primeiro jogo.

A seleção bielorrussa joga basicamente em um 4-3-2-1, sendo os dois homens que encostam no ataque Stanislav Dragun e Dmitri Baga, que invertem constantemente suas posições, voltando para o meio ou apoiando Voronkov, referência no ataque. Esta é a principal jogada deste time, que confundiu todas as seleções, exceto Suíça.

Além disso, sua defesa se mostrou muito forte a começar pelo goleiro Aleksandr Gutor que teve grandes exibições. O zagueiro central Yegor Filipenko também merece destaque (que joga no BATE Borisov, mas pertence ao Spartak Moscou).

A República Tcheca conseguiu ficar na segunda colocação do grupo B graças às vitórias sobre Ucrânia e Inlaterra. Esta, na última rodada e de virada.

Os "garotos" de Jakub Dovalil sempre jogaram em um 4-1-4-1, semelhante ao da Suíça, mas tiveram algumas alterações durante o torneio. Logo na estreia, uma das estrelas do time, o meia Jan Morávek foi banco de Tomás Horava o que não deu certo. Isso porque a seleção tcheca foi péssima no primeiro tempo contra a Ucrânia e, ao entrar na segunda parte com Morávek a "história" foi outra e acabou vencendo por 2x0.

Aliás, os dois gols foram marcados pelo capitão Borek Dockal, que é um meia que atua pelo lado direito do campo.

No jogo contra a Espanha, as coisas foram diferentes e os tchecos acabaram perdendo por 2x0. Contudo Lukás Vácha, um excelente segundo volante, acabou tendo uma atuação regular. 

Dois jogadores incumbidos da marcação na República Tcheca chamarem demais a atenção nestes jogos. Foram eles o tão conhecido zagueiro Marek Suchý e o volante Marcel Gecov. Sobretudo este último que por vezes se sobrecarregava principalmente quando sua equipe sofria contra-ataques, mas ainda assim foi muito bem.

A favorita

Não restam dúvidas de que a grande favorita para a conquista do torneio é a seleção espanhola, que conta com jogadores de muitíssima qualidade e um estilo de jogo que serve como "modelo" para o mundo da bola.

Logo no primeiro confronto, contra a Inglaterra, a Espanha foi melhor e acabou saindo na frente, com gol de Ander Herrera e sofrendo um empate logo no fim, com Danny Welbeck. Mas o que vale ressaltar é que, "La Rojita" saiu na frente e logo após isso, passou a administrar o jogo como se já estivesse vencido, tocando demais a bola e com pouca objetividade. Além disso, Adrián, Jeffren e Thiago Alcântara não renderam o esperado, deixando a bola rodar quase sempre nos pés do volante Javi Martínez, de Juan Mata e de Herrera.

Para o jogo contra a República Tcheca, Luis Milla acabou sacando Jeffren e colocando Muniain aberto pelo flanco esquerdo, o que deu muito certo, tanto que sua atuação foi muito boa e o toque de bola espanhol foi perfeito, quase sempre deixando alguém na cara do gol (detalhe, a defesa tcheca é bem forte, como já foi ressaltado). Tanto que Adrián marcou duas vezes, contando com duas assistências de Mata.

Ante a Ucrânia o time titular foi o mesmo do jogo anterior e o padrão foi seguido. Logo ao término do primeiro tempo, a seleção espanhola já vencia por 2x0 e, na segunda parte conseguiu chegar ao terceiro gol.

A Ucrânia ainda tentou descontar, mas Konoplyanka acabou perdendo um pênalti para De Gea. Esta penalidade, cometida pelo próprio goleiro em Zozulya, foi o segundo "grande teste" para a defesa da Espanha na competição. O primeiro, foi o gol de empate da Inglaterra.

As decepções

Dinamarca contava com excelentes nomes e tinha o apoio de sua torcida, mas apenas conseguiu vencer e jogar razoavelmente bem contra a Bielorrússia.

A Inglaterra gerava grandes expectativas, como sempre, mesmo não contando com Wilshere e Carroll, mas ainda assim fez jogos terríveis e foi merecidamente eliminada da competição.

Luis Milla, técnico da Espanha, havia colocado a Dinamarca como uma das favoritas a vencer este torneio, principalmente pela qualidade de seus jogadores, mas não foi o que aconteceu. Logo na estreia, acabou perdendo para a Suíça e apresentando um futebol que deixou bastante a desejar.

Se no primeiro jogo Keld Bordinggaard armou o time em um 4-2-3-1, no segundo ele passou para um 4-3-3, passando Daniel Wass do meio-campo para a lateral e acrescentando Nicolai Jorgensen e Henrik Dalsgaard ao ataque. Isso até deu certo, pois apesar de sair perdendo para a Bielorrússia, a seleção dinamarquesa conseguiu virar o jogo (destaque para o gol da virada, marcado por Jorgensen, um golaço!), mas ainda não convencia.

Christian Eriksen, melhor jogador do time, ficou apenas com um atuação regular neste confronto e nada mais. No jogo contra a Islândia, quando parecia que a seleção da casa iria buscar sua classificação, quem cresceu foi a seleção nórdica, que venceu por 3x1.

No grupo B, a Inglaterra estreou empatando com a Espanha e, na sequência, empatou com a Ucrânia e perdeu para a República Tcheca.

Os comandados de Stuart Pearce estavam visivelmente com sérios problemas de criação no meio-campo, pois além de estarem sem Wilshere, Jordan Henderson estava sobrecarregado demais. Isso aconteceu porque nos dois primeiros jogos, Pearce resolveu "inovar" e colocou Michael Mancienne como volante. Decisão bizarra. Além disso, Cleverley esteve péssimo no primeiro jogo e Rodwell no segundo.

Os atacantes Danny Welbeck e Daniel Sturridge voltavam constantemente para o meio buscando jogadas e deixavam o ataque à deriva. Pelos flancos, apenas Scott Sinclair se destacou, isso já no terceiro jogo quando finalmente ganhou uma oportunidade de começar jogando.

Para se ter uma ideia, a Inglaterra conseguiu sofrer a virada ante a República Tcheca, o que foi algo simplesmente bizarro. Mas merecido.

Mas e Islândia e Ucrânia?

Apesar de não conseguirem a classificação, estas seleções se mostraram muitíssimo interessantes e até surpreenderam por sua qualidade técnica. Com isso, aguardemos ansiosamente seu futuro.

A Islândia passou por nada mais nada menos que Alemanha na fase de classificação, e isso já foi uma proeza. Infelizmente só conseguiu mostrar seu futebol contra a Dinamarca, e venceu.

Ver uma seleção nórdica que coloca a bola no chão e toca bem é algo muito curioso e seu treinador, Eyjóful Sverrisson, deve ser louvado por isso. Nem quando precisava abdicar do toque e usar de "bolas longas" o fez.

É verdade que a lesão de Johann Gudmundsson foi um fator que prejudicou a Islândia (tanto que, quando ele retornou no jogo contra a Dinamarca, os islandeses venceram), mas não foi o único. O excelente meia Gylfi Sirgurdsson também não apresentou o futebol esperado e isso foi terrível.

A Ucrânia, por sua vez, pese ter ficado com a última colocação do grupo B, se mostrou uma seleção com muita qualidade. Talvez esta seja uma das melhores gerações dentre as seleções do leste europeu.

Verdade seja dita, nem se Pavlo Yakovenko quisesse armar uma retranca ele conseguiria. O principal volante deste time é Volodymyr Chesnakov, depois dele, todos os jogadores são muito ofensivos.

Quem merece maior destaque é Yevhen Konoplyanka, que atua tanto como enganche quanto pelos lados do campo. Ele teve atuações regulares, mas poderia ter sido melhor. Maxym Biliy entrou no final do jogo contra a Rpública Tcheca e deu um "impulso" nesta equipe com sua qualidade. A partir daí, o habilidoso jogador passou a ser titular.

Denys Garmash estreou apenas contra a Inglaterra e, apesar do empate, mostrou porque precisaria ser o trequartista deste time. Errou pouquíssimos passes, mesmo na derrota frente à Espanha. Andriy Yarmolenko é que foi a decepção maior da Ucrânia, além de não jogar nada contra a República Tcheca, ainda não entrou bem contra a Espanha.

No ataque, Yakovenko revezou entre Roman Zozulya (um "9" mais móvel) e Artem Kravets (homem de área). Só pra completar, a defesa contava com o goleiro e capitão Anton Kanibolotskiy (que se mostrou muito seguro), o completo lateral-direito Bohdan Butko e o zagueirão Yaroslav Rakitskiy, destaque no Shakhtar Donetsk.

*Eu sei, isso pareceu mais um livro. Perdoem-me pelo exagero, mas eu precisava analisar com detalhes cada uma destas seleções. Sintam-se à vontade para comentar.


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