domingo, 8 de abril de 2012

There's only one Neil Lennon!

Ao centro, Scott Brown e Wanyama.

Após vencer o Kilmarnock por 6x0, o Celtic conquistou seu 43o. título escocês. Foi o primeiro da (curta) carreira gerencial de Neil Lennon, que teve o trabalho de dar um jeito no time bagunçado de Tony Mowbray. Mas como nem tudo é perfeito, esta conquista foi ofuscada pela grave crise econômica que abateu o Rangers.

Antes da temporada começar, a maioria das prévias davam os Bhoys como máximos favoritos à conquista. O trabalho feito anteriormente por Lennon e a estreia de Ally McCoist como comandante no banco dos Hoops contribuíram para isso. Mas não foi exatamente o que aconteceu.

Depois de ser eliminado no play-off da UEL pelo Maribor, o Rangers encaixou uma grande sequência de vitórias e despontou na liderança. Enquanto isso o Celtic não conseguia repetir o bom futebol de 2010-2011 e só entrou na fase de grupos da UEL porque o Sion se envolveu em um imbróglio com a UEFA. O fato é que nem isso ajudou o Celtic, que logo foi eliminado da competição continental e seguiu jogando um futebol fraco no torneio nacional.

Nesse meio tempo a frase que mais se ouvia era a seguinte: "Lennon só não foi demitido por ser um dos maiores ídolos da história do clube". Faz sentido. Dificilmente qualquer time iria manter no cargo um técnico que não estava agradando, a não ser que houvesse um vínculo muito grande com ele. Apesar de tudo, a torcida seguia cantando nome do norte-irlandês ao longo de todas as partidas.

No fim das contas Neil Lennon ficou em Parkhead e mudou a cara do time. Depois de "bater a cabeça" no começo do campeonato, os Bhoys atingiram a marca de 17 vitórias consecutivas. Seria muito fácil falar de 2 ou 3 nomes mais destacáveis nesta ascensão, mas nem sempre o fácil é o correto. O desempenho e a disciplina de cada jogador precisam ser ressaltados, por isso não dá para dispensar aquela clássica análise:

Neil Lennon.
Quando percebeu que o 4-4-2 da última temporada não estava encaixando, Lennon decidiu procurar outra forma de fazer com que o time católico funcionasse. No fim das contas ele acabou variando de um 4-3-3 para um 4-2-3-1, sempre com uma intensa movimentação dos jogadores de frente.

James Forrest, considerado por muitos o melhor do Celtic na temporada, começou atuando pelo lado esquerdo mas logo caiu pelo centro do campo na eventual linha de 3 meias. O grego Georgios Samaras, de camisa "9" puro passou a voltar constantemente para compor o lado esquerdo do campo. Pela direita, como sempre, estava o capitão -cada vez mais incontestável- Scott Brown. Mais uma vez ele foi fundamental. A responsabilidade maior de marcar gols ficou com Gary Hooper. Quando ele não correspondeu, lá estava Anthony Stokes (que jogou demais)

A lesão sofrida por Beram Kayal -melhor jogador do Celtic no campeonato passado- obviamente prejudicou demais o time. Por outro lado, tirou uma dúvida enorme da cabeça de Lennon: qual seria o doble pivote titular. Com a má fase de Ki Sung-Yeung, Joe Ledley e o nigeriano Victor Wanyama foram titulares absolutos. Este último atuou tanto como volante quanto como zagueiro. Marcador implacável, acabou rendendo (muito) mais do que o esperado. Seu companheiro, Ledley, atuou eventualmente pelo flanco esquerdo também.

Com as constantes lesões de Majstorovic e Kelvin Wilson a defesa -ponto fraco dos Bhoys- sentiu um pouco. Ainda bem que o jovem dinamarquês Thomas Rogne quis mostrar serviço ao treinador  e teve grandes atuações. A lateral-direita foi dominada por Adam Matthews. O garoto, revelado pelo Cardiff e que originalmente é right winger, acabou entrando no time por necessidade e ganhou a posição. Enquanto isso Cha Du-Ri foi lamentável todas as vezes que jogou.

Foi neste exato momento que a "nuvem negra" apareceu sobre Ibrox Park. A situação econômica do time protestante era cada vez pior e mr.Whyte era um dos grandes responsáveis por isso. A notícia da administração (e da consequente dedução de 10 pontos) enfrentada pelos Hoops chocou até mesmo a torcida do Celtic. Nem é preciso mencionar que isso teve um grande reflexo dentro de campo. 

Mas este não é o foco do post. De um jeito ou de outro o Celtic foi campeão. E o que se pode lamentar de tudo isso é que pouca gente vai destacar os méritos de Lennon e seus comandados, dando a causa do título como a tragédia no Rangers. Não é preciso ser um gênio para saber que tal desgraça ajudou, mas também é inadmissível a hipocrisia de não se valorizar este título nacional dos Bhoys.

O próprio Neil Lennon disse que este foi o título mais importante de sua carreira, superando os que ganhou como jogador. Nas palavras dele: "Este é o maior momento da minha vida profissional. Estou muito orgulhoso.

"Quando você é o treinador, você está à frente de tudo. Existem críticas e elogios, mas você precisa se manter firme e não se abater.

"Eu sou um jovem treinador. Esta é apenas minha segunda temporada no comando do Celtic. É um trabalho enorme e com grandes expectativas".

Pelos lados do Celtic Park, as expectativas agora são da permanência ou não de Neil Lennon. Sua saída poderia ser influenciada basicamente por dois motivos: o primeiro é que ele vem sofrendo ameaças constantes ao longo dos anos e inclusive foi atacado por um torcedor do Hearts na temporada passada; o segundo é que, mesmo que o Rangers seja comprado por um rico proprietário, deve demorar um pouco para o time entrar nos eixos e, como disse Jim Spence, o Celtic deve ser "como Gulliver em Lilliput".

Ainda assim é mais provável que ele fique. A ideia de ter outra chance em competições europeias com este jovem (e preparado) elenco o atrai bastante. Não obstante, seu amor pelo Celtic e pela torcida também pode ser um fator decisivo em sua escolha. 

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